É corriqueiro ouvir na obra (principalmente àquelas sem controle tecnológico) a expressão: “PODE COLOCAR MAIS ÁGUA, SEM PROBLEMAS”. Na maioria das vezes essa adição é argumentada como instrumento para aumentar a trabalhabilidade do concreto, e esse argumento não está totalmente errado. Acontece que, quando se aumenta a trabalhabilidade pelo acréscimo de água, outras propriedades do concreto são afetadas, podendo citar como principal delas o aumento na porosidade.
Quando especificamos um concreto para um elemento estrutural, dentre outras peculiaridades a principal delas diz respeito a relação entre o peso de água e o peso de cimento. Esse coeficiente é chamado de A/C. Abrams propôs a relação direta entre a relação A/C e a resistência final para o concreto, vale a pena ser observado, visto que este autor propõe uma análise para diferentes classes de cimentos.
A seguir, veja o gráfico e entenda a correlação que existe entre A/C para cimentos nacionais proposto por Helene & Terzian.
Há uma relação direta entre A/C e a quantidade de poros no concreto. Veja a tabela a seguir como exemplo:
OBS: Não é objeto desse artigo, mais vale considerar que a porosidade que se encontra no concreto é de três ordens: Vazios interlamelares, vazios capilares e vazios de ar. Recomenda-se a leitura do livro de Metha e Monteiro para maior compreensão.
Se pudéssemos iríamos utilizar somente o mínimo de água possível para garantir a completa hidratação do cimento, isso seria um “sonho”, digamos assim. Contudo, devido principalmente à condição de cura, os coeficientes praticados são da ordem de 0.4 ou mais. Mesmo coeficientes nessa ordem de grandeza (0.4), pasmem, é difícil de se conseguir em obras sem controles tecnológicos. Um “balde” de água que lançar a mais diminuirá drasticamente a resistência do concreto, imagina dois ou três baldes a mais.
Portanto, entendemos que, na impossibilidade de reduzir o coeficiente ao mínimo, devemos adotar técnicas para reduzir o coeficiente a valores, tais que, nos proporcione resistências do concreto de acordo com as especificações de projeto.
Você pode se questionar: Qual a melhor solução para reduzir a relação A/C e ainda ter boa trabalhabilidade?
Para essa solução, a adoção de plastificantes e/ou superplastificantes se torna a solução mais prática. Esses aditivos fazem com que as partículas de cimento se repelem entre si (devido a cargas eletrostáticas), como um imã com polos iguais. A partir dessa situação, o concreto se torna muito trabalhável com uma mesma relação A/C.
Cabe salientar que, a adoção dos aditivos dispersantes não substitui um bom controle na execução do traço proposto, sendo criterioso em observar a umidade já presente nos agregados, bem como a quantidade de cimento por m³ de concreto.
Com este artigo não encerramos a conversa sobre este assunto, na verdade, todo conteúdo listado acima é apenas uma introdução para compreender um pouco da complexidade que temos para trabalhar com máximo aproveitamento com o concreto.
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